Até os 7 anos fui uma criança normal, porém, a partir daí quis ser
diferente. Aos 9 anos, tingi meus cabelos de loiro (naquela época isso
não era comum, eu era uma das poucas crianças assim). Tudo começou muito
cedo, aos 11 anos comecei a sair para festas, baladas em bairros
próximos e a ter más amizades. Comecei a usar piercing e minha
aparência já transmitia rebeldia. Vivi em meio às drogas, bebidas e
prostituição, porém, tinha medo de me envolver. Mas os problemas dentro
de casa aumentavam, então comecei a fazer tudo aquilo que eu sentia
nojo.
Tinha o sonho de ser modelo, e isso se concretizou. Conforme crescia
naquela bagunça, cada vez eu ficava pior, coloquei mais piercings e
comecei a pintar meu cabelo de diversas cores. Tirava fotos polêmicas e
postava na internet, e assim comecei a ficar conhecida, muitas pessoas
se espelhavam em mim, no meu estilo, no meu jeito. Minha carreira estava
andando, desfiles, fotos, trabalhos internacionais, reconhecimento,
fãs. Era rodeada de pessoas, até sorria, mas aquele vazio permanecia
dentro de mim.
Sofri bullying durante 3 anos e isso me fez ter ódio das pessoas, eu
já não era a mesma, já não ligava para mais nada. Aos 15 anos, comecei a
frequentar lugares do centro de São Paulo, como encontros homossexuais
no Ibirapuera, Augusta, Paulista, boates, sempre acompanhada de amizades
“pesadas”. Amigos que pegavam as folhas da Bíblia para consumir
maconha, bebiam à noite toda, cheiravam cocaína e ficavam xingando e
blasfemando contra Deus, e eu, mesmo em meio aquela bagunça sentia um
incômodo, por várias vezes chegava a pensar: “O que estou fazendo aqui?
Por que estou fazendo isso”, pois eu acreditava em Deus e sabia que
aquilo não era pra mim, porém quanto mais eu tentava, mais eu me
afundava.
Fugi de casa, comecei a fumar e a beber todos os finais de semana,
saía na sexta e só voltava no domingo ou na segunda. Envolvi-me com
mulheres, achava que havia nascido assim, por ter tido experiência
sexual com uma colega na infância. Falava palavrões, gírias, ouvia
vozes, via vultos e encostos que vinham me sufocar durante a noite, já
chamei até a polícia por pensar que tinha alguém invadindo minha casa.
Na vida sentimental não dava certo com ninguém, embora popular, não
conseguia me realizar. Brigava com meus pais, nada dava certo, já estive
à beira da morte diversas vezes. Já havia vivido tudo isso, e não
aguentava mais aquela angústia e sofrimento.
Estava doente, tinha sopro no coração - os médicos disseram que eu
não passaria dos 15 anos -, gastrite, praticamente não me alimentava
direito há 1 mês, devido às dores. Já não dormia mais, porque tinha um
vulto preto que me sufocava todas as noites, ficava acordada com medo, e
durante o dia eu dormia.
Minha vida já não tinha mais sentido, uma voz me dizia que não tinha
mais jeito, a vida financeira da minha família estava arruinada, ninguém
acreditava em mim, eu não via ajuda, estava desesperada! Até que minha
mãe, sem falar comigo, me mudou de escola, já que nessa escola eu quase
fui enviada para a Vara da Infância e da Juventude, e me colocou numa
escola do bairro, perto de casa e na frente da Universal, a princípio
recusei, mas não vi outra saída e fui. Assim que cheguei sabia que seria
rejeitada, e me surpreendi quando uns jovens vieram conversar comigo,
fizemos amizades e eles me chamaram para o Força Jovem Universal.
Começaram a contar como eles eram e aquilo me interessou, mas eu tinha
medo do que meus amigos iriam pensar, como eu poderia chegar na igreja
com aquela aparência? Todos iam me julgar! Resisti quase um mês, até
que, no dia 17 de abril de 2011, eu fui.
Assim que pisei os pés na Universal, vi uma diferença. Todos me
abraçaram, cuidaram de mim, eu não entendia muito o que eles falavam,
mas eu queria estar perto, mudar de vida! E assim fui frequentando e
vendo a diferença dia após dia... Conforme Deus foi transformando o meu
interior, o meu exterior foi mudando, então, piercings, cabelos
coloridos, vício no cigarro, bebida, ser bissexual, aquilo já não fazia
mais sentido, renunciei TUDO! E Deus me honrou, entrei para o projeto
VPR, comecei a passar minhas experiências para os jovens e ajudá-los,
assim como eles me ajudaram. Cresceu um desejo dentro de mim de ganhar
almas, de ajudar os sofridos e passar aquela felicidade, aquela paz que
recebi.
Tinha o desejo de ser obreira e, depois de muitas lutas, Deus me
ungiu para fazer a Obra dEle, e a cada dia cresce mais esse amor pelas
pessoas. Hoje sou do FJU, alguém acreditou em mim e eu acredito nos
jovens, sou completamente realizada espiritualmente, pois recebi o
Espírito Santo, tenho um emprego abençoado, tenho paz em casa e o melhor
de tudo: tenho a certeza da minha Salvação!
Amanda Kislley